PRIMEIRO DIA: Amorosíssima Mãe, que prazer tem minha alma quando considero que tanto desejo tende em conceder-me vossos favores; que não esperas outra coisa, senão que recorramos a Vós, para remediar nossos males e encher-nos de vossas graças e dons.
Ó Maria, minha amada, rainha da corte celestial, vos rogo que por tudo recorramos sempre a Vós, como nossa única esperança.
27 novembro 2012
26 novembro 2012
21 novembro 2012
JESUS DISSE Á SANTA IRMÃ FAUSTINA
INFORMAÇÃO
Jesus disse à Santa Irmã Faustina:"Às três horas da tarde implora à Minha Misericórdia, especialmente pelos pecadores, e, ao menos por um breve tempo, reflete sobre a Minha Paixão, especialmente sobre o abandono em que Me encontrei no momento da agonia. Esta é a hora de grande Misericórdia para o mundo inteiro...
Nessa hora nada negarei à alma que Me pedir em nome da Minha Paixão."(Diário no. 1320)"Lembro-te, Minha filha, que todas as vezes que ouvires o bater do relógio, às três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha misericórdia, adorando-a e glorificando-a. Invoca a sua onipotência em favor do mundo inteiro e especialmente dos pobres pecadores, porque nesse momento ela está largamente aberta para cada alma. Nessa hora, conseguirás tudo para ti e para os outros. Naquela hora, o mundo inteiro recebeu uma grande graça: a Misericórdia venceu a Justiça. Procura rezar nessa hora a Via-Sacra, na medida em que te permitirem os teus deveres, e se não puderes rezar a Via-Sacra, entra ao menos por um momento na capela, e adora a meu Coração, que está cheio de Misericórdia no Santíssimo Sacramento. Se não puderes ir à capela, recolhe-te em oração onde estiveres, ainda que seja por um breve momento." (Diário, no. 1572)"São poucas as almas que contemplam a Minha Paixão com um verdadeiro afeto. Concedo as graças mais abundantes às almas que meditam piedosamente sobre a Minha Paixão." (Diário, no. 737)Uma invocação que se pode dizer às três horas da tarde é:
"Ó Sangue e Água que jorrastes do Coração de Jesus como fonte de Misericórdia para nós, eu confio em Vós."
(Diário no. 187)Jesus estabeleceu três condições indispensáveis para atender às orações feitas na Hora da Misericórdia:
- a oração deve ser dirigida a Jesus;
- deve ter lugar às três horas da tarde;
- deve apelar ao valor e aos méritos da Paixão do Senhor.
Devido a esse pedido de Jesus, é costume dos devotos da Divina Misericórdia rezar o Terço da Misericórdia às 15h, e também às 3h quando possível.AMÉM.
14 novembro 2012
SÂO SERAPIÃO
SANTO DO DIA 14 DE NOVEMBRO
SÂO SERAPIÃO
Procedente de família cristã da nobreza inglesa, Serapião nasceu em Londres no ano 1179. Seu pai era Rotlando Scoth, capitão da esquadra do rei Henrique III. Muito jovem, já estava atuando ao lado do pai na cruzada comandada pelo lendário Ricardo Coração de Leão. Porém, no retorno, o navio naufragou próximo de Veneza e a viagem continuou por terra. Nesse
percurso, acabaram prisioneiros do duque da Áustria, Leopoldo, "o Glorioso", que libertou o rei e seu pai. Mas Serapião e os demais tiveram de ficar.
Logo o duque percebeu que o jovem militar, além de bom militar, era bom cristão, muito bondoso e caridoso. Por isso o manteve na Corte. Mais tarde, quando recebeu a notícia da morte dos pais, Serapião decidiu ficar na Áustria. Com os soldados do duque, seguiu para a Espanha, para auxiliar o exército cristão do rei Afonso III, que lutava contra os invasores muçulmanos. Quando chegaram, eles já tinham sido expulsos.
Serapião decidiu ficar e servir ao exército do rei Afonso III, para continuar defendendo os cristãos. Participou de algumas cruzadas bem sucedidas, até que, em 1214, o rei Afonso III morreu em combate. Serapião, então, voltou para a Áustria e alistou-se na quinta cruzada do duque Leopoldo, que partiu em 1217 com destino a Jerusalém e depois ao Egito.
O vai-e-vem da vida militar em defesa dos cristãos levou, novamente, Serapião para a Corte espanhola, em 1220. Dessa feita, acompanhando Beatriz da Suécia, que ia casar-se com Fernando, rei de Castela. Foi quando conheceu o sacerdote Pedro Nolasco, santo fundador da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, os chamados frades mercedários, os quais se dedicavam em defesa da mesma fé, mas não guerreando contra os muçulmanos, e sim buscando libertar do seu poder os cristãos cativos, mesmo que para isso tivessem de empenhar suas próprias vidas.
Serapião ingressou na Ordem e recebeu o hábito mercedário em 1222. Junto com Pedro Nolasco e Raimundo Nonato, santo co-fundador, realizou várias redenções. Na última, que ocorreu em Argel, na África, teve de ficar refém para libertar os cristãos que estavam quase renegando a fé, enquanto o outro padre mercedário viajou rapidamente para Barcelona para buscar o dinheiro. Mas o superior, Pedro Nolasco, estava na França. Quando foi informado, escreveu uma carta ao seu substituto na direção para arrecadar esmolas em todos os conventos da Ordem e enviar o dinheiro para libertar Serapião o mais rápido possível.
Como o resgate não chegou na data marcada, os muçulmanos disseram a Serapião que poderia ser libertado se renegasse a fé cristã. Ele recusou. Enlouquecidos, deram-lhe uma morte terrível. Colocado numa cruz em forma de X, como o apóstolo André, teve todas as juntas dos seus ossos quebradas, e assim foi deixado até morrer. Tudo aconteceu no dia 14 de novembro de 1240, em Argel, atual capital da Argélia.
O culto que sempre foi atribuído a são Serapião, protetor contra as dores de artrose, foi confirmado em 1625 pelo papa Urbano VIII. A festa religiosa ao santo mártir mercedário ocorre no dia de sua morte.
Logo o duque percebeu que o jovem militar, além de bom militar, era bom cristão, muito bondoso e caridoso. Por isso o manteve na Corte. Mais tarde, quando recebeu a notícia da morte dos pais, Serapião decidiu ficar na Áustria. Com os soldados do duque, seguiu para a Espanha, para auxiliar o exército cristão do rei Afonso III, que lutava contra os invasores muçulmanos. Quando chegaram, eles já tinham sido expulsos.
Serapião decidiu ficar e servir ao exército do rei Afonso III, para continuar defendendo os cristãos. Participou de algumas cruzadas bem sucedidas, até que, em 1214, o rei Afonso III morreu em combate. Serapião, então, voltou para a Áustria e alistou-se na quinta cruzada do duque Leopoldo, que partiu em 1217 com destino a Jerusalém e depois ao Egito.
O vai-e-vem da vida militar em defesa dos cristãos levou, novamente, Serapião para a Corte espanhola, em 1220. Dessa feita, acompanhando Beatriz da Suécia, que ia casar-se com Fernando, rei de Castela. Foi quando conheceu o sacerdote Pedro Nolasco, santo fundador da Ordem de Nossa Senhora das Mercês, os chamados frades mercedários, os quais se dedicavam em defesa da mesma fé, mas não guerreando contra os muçulmanos, e sim buscando libertar do seu poder os cristãos cativos, mesmo que para isso tivessem de empenhar suas próprias vidas.
Serapião ingressou na Ordem e recebeu o hábito mercedário em 1222. Junto com Pedro Nolasco e Raimundo Nonato, santo co-fundador, realizou várias redenções. Na última, que ocorreu em Argel, na África, teve de ficar refém para libertar os cristãos que estavam quase renegando a fé, enquanto o outro padre mercedário viajou rapidamente para Barcelona para buscar o dinheiro. Mas o superior, Pedro Nolasco, estava na França. Quando foi informado, escreveu uma carta ao seu substituto na direção para arrecadar esmolas em todos os conventos da Ordem e enviar o dinheiro para libertar Serapião o mais rápido possível.
Como o resgate não chegou na data marcada, os muçulmanos disseram a Serapião que poderia ser libertado se renegasse a fé cristã. Ele recusou. Enlouquecidos, deram-lhe uma morte terrível. Colocado numa cruz em forma de X, como o apóstolo André, teve todas as juntas dos seus ossos quebradas, e assim foi deixado até morrer. Tudo aconteceu no dia 14 de novembro de 1240, em Argel, atual capital da Argélia.
O culto que sempre foi atribuído a são Serapião, protetor contra as dores de artrose, foi confirmado em 1625 pelo papa Urbano VIII. A festa religiosa ao santo mártir mercedário ocorre no dia de sua morte.
VAMOS FAZER PARTE
- Amor DE Maria
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TODOS SAITES RELIGIOS ESPERO QUE GOSTEM - 6 de novembro
12 novembro 2012
MÃE , OLHAI POR NÓS !
Quando Lúcia perguntou à Santíssima Virgem, na aparição de 13 de outubro de 1917, em Fátima, o que desejava, Ela respondeu: “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra; que sou a Senhora do Rosário; que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias”. “Rezar o Terço todos os dias” — Que conselho mais excelente que este? Que criatura mais elevada que a Virgem Santíssima poderia transmiti-lo? Sendo que a própria Mãe de Deus – e também nossa Mãe – nos faz esse pedido, como poderemos recusá-lo? Impossível seria! Atendendo-A, seremos atendidos e alcançaremos todas as graças que suplicarmos com fé e confiança.
10 novembro 2012
09 novembro 2012
07 novembro 2012
O EVANGELHO SEGUNDO SÃO LUCAS 12, 39-48
Evangelho do dia ( Lc 12, 39-48)
A quem muito foi dado, muito será pedido.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas 12,39-48
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
39Ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes'. 41Então Pedro disse: 'Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?' 42E o Senhor respondeu: 'Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: 'Meu patrão está demorando', e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,
46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que,conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!
Palavra da Salvação.
Reflexão
“A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO...” Lc …
06 novembro 2012
MENSAGEM PARA O DIA
Mensagem para o dia
TERÇA, 06 Novembro, 2012
Amados filhos,
Novamente Minha Misericórdia está sobre toda a Argentina, em especial sobre Buenos Aires, esta necessitada cidade do mundo.
Queridos filhos, por meio da oração do coração, hoje os chamo ao despertar da consciência para o final deste tempo, pois um novo ciclo aproxima-se e seus corações deverão estar preparados para recebê-lo.
Para alguns, este ciclo será como uma Boa Nova que mudará o estado da consciência, mas para outros serão mudanças profundas, que os levarão a definir o caminho a seguir neste tempo.
Por isto, queridos filhos, vocês que vivem seu dia a dia nesta cidade de Buenos Aires, assim como outras almas em diferentes cidades do mundo, devem orar com fervor, desde o coração, para que a Graça de Deus e a Misericórdia de Meu Filho difundam-se nos corações mais necessitados de amor e redenção.
Meus filhos da Argentina,
No dia de ontem, convidei-os a peregrinarem a Luján de uma maneira diferente, desta vez através de um serviço verdadeiro e abnegado, pois saibam que as grandes colônias de almas também deverão ser sustentadas pela oração. Para isto, é necessário que grupos de oração consagrados ao Meu Espírito Maternal, persistam e caminhem na Fé de Meu Filho. Cada grupo deverá começar a exercitar a fraternidade, porque assim, em seus núcleos de trabalho e de tarefas, encontrarão Minha Paz Universal.
Para este tempo, quero formar soldados despertos, que deixem para trás as comodidades da vida e, como sinceros discípulos, sejam instrumentos nas mãos de Deus para o final dos tempos.
Por meio da oração vocês têm a chave para definir a salvação de toda a humanidade. Por isto, há 31 anos em Medjugorje, Meu Coração Materno profere e clama por oração, oração e oração! Isto é o que vocês deverão ingerir como alimento espiritual para este tempo, permitindo assim que Meu Coração redima os caminhos que desviam milhões de almas, os caminhos da modernidade e do conforto.
Queridos filhos, estou aqui em nome do Altíssimo para abrir seus olhos, aspirando como Mãe do Céu a que suas consciências amadureçam e que possam socorrer a própria humanidade através da oração.
Meus filhos,
Alguém deve fazer algo pelo mundo, porque cada dia acende-se em chamas por suas próprias ações! Esse alguém são todos os Meus fiéis soldados, os soldados de Meu Coração.
Chego hoje ao mundo para abrir a Porta dos Céus sobre suas vidas, para que a Esperança e a Misericórdia sejam cultivadas no maior número de almas.
Queridos filhos, Deus os está escutando. Por isto, continuem orando todos os dias. Estarei universalmente agradecida a vocês.
Que este mês de novembro seja para todos vocês o mês preparatório para Minha última chegada a Buenos Aires, em dezembro.
Grata por responderem ao Meu chamado pela humanidade!
Maria, Mãe da Divina Concepção da Trindade.
05 novembro 2012
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA A UMA ALMA NA HUNGRIA
Nossa Senhora confiou esta mensagem a uma alma na Hungria:
"Entrego nas vossas mãos um raio de luz: a Chama de Amor do meu Coração. Eu sou a vossa Mãe amorosa e cheia de bondade e, unida a vós, quero salvar-vos. Ofereço-vos um novo meio de salvação. Aceitai-o e procurai compreendê-lo bem porque Eu olho-vos do Céu com o coração aflito!" "Esta chama cheia de graças, que do meu Imaculado Coração vos dou, deve propagar-se de coração a coração. Este será o grande milagre, cuja luz cegará Satanás. Ela é o fogo de Amor e de União, e nós iremos apagar o fogo com o fogo: o fogo do ódio com o fogo do Amor! Alcancei-vos esta graça do Pai Eterno, pelas Cinco Chagas do meu divino Filho."
Santíssima Virgem,
que nos montes de Fátima,
vos dignastes revelar aos três pastorinhos os tesouros de graças que podemos alcançar,
rezando o Santo Rosário,
ajudai-nos a apreciar sempre mais esta santa oração,
a fim de que,
meditando os mistérios da nossa redenção,
alcancemos as graças que,
insistentemente,
vos pedimos (peça agora a graça pretendida).
"Ó Jesus, perdoai-nos;
livrai-nos do fogo do inferno;
levai todas as almas para o céu,
especialmente as que mais precisarem".
Maria Santíssima,
volvei vossos olhos misericordiosos para este mundo tão necessitado de Paz, de Saúde e Justiça.
Vinde em nosso auxílio,
Mãe dos Aflitos,
e Socorrei-nos com Vosso Amor e Piedade.
Nossa Senhora do Rosário de Fátima, rogai por nós.
(Rezar 1 Pai Nosso, 1 Ave Maria, 1 Glória ao Pai)
Leia mais: Oração à Nossa Senhora de Fátima http://mensagensepoemas.uol.com.br/oracoes/nossa-senhora-de-fatima-3.html#ixzz1Xsx9v6Xx
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03 novembro 2012
SÃO FRANCISCO DE ASSIS -- O SERMÃO DAS AVES
SERMÃO DAS AVES
Certo dia, Francisco saiu para uma missão. Entre Cannara e Bevagna, num local silvestre, onde havia um pequeno descampado e ao redor muitas árvores de todas as espécies.
Em cima das árvores, voando em revoadas e espalhadas pelo chão no descampado, muitas aves, que cantavam e se confraternizavam com grande alarido.
O Santo falou a seus discípulos: "Esperem um momento, vou pregar às nossas irmãzinhas aves!"
Entrou no campo indo de encontro às aves que estavam no chão. E mal começou a pregar, as que estavam nas árvores desceram. Nenhuma se mexia, embora andando ele passasse perto e mesmo chegasse a roçar nelas com a extremidade de sua veste! E dizia às aves: "Minhas irmãzinhas aves, vocês devem muito a DEUS, o CRIADOR, e por isso, em todo lugar que estiverem devem louva-LO, porque ELE lhes permitiu que voassem para onde quisessem, livremente, da mesma forma que devem agradecer o alimento que ELE lhes dá, sem que para isso tenham que trabalhar; agradeçam ainda a bela voz que o SENHOR lhes proporciona, que lhes permitem realizar lindas entonações! Vejam, minhas queridas irmãzinhas, vocês não semeiam e não ceifam. É DEUS quem lhes apascenta, quem lhes dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem lhes dá os montes e os vales, para o seu refúgio e lazer, assim como lhes dá as árvores altas, para fazerem os ninhos. Embora não saibam fiar e nem coser, DEUS lhes concede admiráveis vestimentas para todas vocês e seus filhos, porque ELE lhes ama muito e quer o bem estar de vocês. Por isso, minhas irmãzinhas, não sejam ingratas, procurem sempre se esforçarem em louvar a DEUS."
Acabando de dizer-lhes estas palavras, todas as aves num gesto quase uniforme, começaram a abrir os bicos e esticar os pescoços, à medida que abriam as asas e inclinavam reverentemente a cabeça até a terra, cantando, demonstrando assim que Francisco lhes havia proporcionado uma grande satisfação!
Finalmente, São Francisco lhes fez o Sinal da Cruz e deu-lhes licença de se retirarem. Então, todas aquelas aves se levantaram no ar com um maravilhoso canto, e logo se dividiram em revoadas e desapareceram atrás das colinas e das matas.
Conta-se que, dias depois, o Santo foi em companhia de Frei Massau a um lugarejo chamado Alviano, entre Orte e Orvieto. Pararam na praça do Mercado e como sempre, cantaram uma melodia com versos que convidavam a conversão do coração, com a finalidade de reunir o povo. Depois começou a pregar. Entardecia. As andorinhas que ainda hoje fazem ninho nos altos muros e nas torres das construções, voavam de um lado para outro em ciclo contínuo, cantando forte e de modo quase uníssono. Os habitantes do lugarejo que se comprimiam ao redor para ouvir a palavra dele, não estavam conseguindo entender quase nada, porque o barulho das andorinhas era muito intenso. Então, Francisco com a maior tranqüilidade, olhou para elas e com muita doçura disse: "Irmãs andorinhas, parece-me que agora é minha vez de falar. Já cantaram e falaram bastante! Escutem, pois, a palavra de DEUS e fiquem silenciosas enquanto eu falo!"
Elas pararam e fizeram um grande silêncio, por todo o tempo que ele falou.
A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS( PARTE III)
Anos finais e morte Seus anos finais foram passados em tranquilidade interior, quando segundo seus biógrafos primitivos seu amor e compaixão por todas as criaturas fluíam abundantes, ao mesmo tempo em que ele experimentava repetidas visões e êxtases místicos, fazia outros milagres, continuava a percorrer a região em pregações, e multidões acorriam para vê-lo e tocá-lo. No Natal de 1223 foi convidado pelo senhor de Greccio para celebrar a festa numa gruta com pastores e animais, desejando recriar o nascimento de Cristo em Belém, sendo a origem da tradição dos presépios. Na primavera seguinte viajou para a Porciúncula a fim de assistir a reunião do Capítulo Geral, e em seguida retirou-se para o santuário do Monte Alverne, acompanhado dos irmãos Leo, Ruffino, Angelo, Silvestre, Illuminato, Masseo e talvez também Bonizzo. Muitas vezes os deixava e se embrenhava nas matas, a fim de meditar solitário, levando consigo apenas os Evangelhos e comendo muito pouco. Às vezes o Irmão Leo, em segredo, o observava, e por mais de uma vez testemunhou seus êxtases e viu parte das visões que o santo via. Nos estados contemplativos eram-lhe reveladas por Deus não somente coisas do presente, mais também do futuro, assim como lhe fazia conhecer as dúvidas, os secretos desejos e os pensamentos dos irmãos. Numa dessas ocasiões, segundo relata a coletânea I Fioretti di San Francesco, o Irmão Leo o viu levar a mão ao peito e parecer tirar algo de lá e oferecer a uma língua de fogo que descera sobre ele. Perguntando depois o que sucedera, Francisco respondeu: "Por que vieste aqui, irmão cordeirinho? Diz-me: viste ou ouviste alguma coisa? "Leo respondeu: Pai, ouvi-te falar e repetir várias vezes: 'Quem és Tu? Quem és Tu, oh dulcíssimo Deus? E eu quem sou, verme desprezível e teu inútil servo?' "Ao que Francisco disse: Sabe, irmão cordeirinho de Jesus Cristo, que, enquanto eu dizia aquelas palavras que ouviste, eram nesse momento mostradas à minha alma duas luzes, uma a da revelação e do conhecimento do Criador, a outra a do conhecimento de mim mesmo. Quando eu dizia 'Quem és Tu, oh meu dulcíssimo Deus?', estava numa luz de contemplação na qual via o abismo de infinita bondade, sabedoria e poder de Deus; e quando dizia 'Que sou eu, etc.', estava numa luz de contemplação na qual via a profundidade lamentável da minha abjeção e miséria, e era por isso que indagava do Senhor da infinita bondade o mistério de Ele dignar-Se a visitar-me, a mim que não sou mais que um verme desprezível e inútil. E entre outras coisas que Ele me disse, pediu-me que Lhe fizesse três dádivas, e eu respondi-Lhe: 'Meu Senhor, sou Teu, e bem sabes que nada tenho além da túnica, da corda e das bragas, e estas três coisas também são Tuas. Que posso pois oferecer ou dar à Tua majestade?' Então Deus disse-me: 'Procura no teu íntimo e oferece-me o que lá encontrares.' Eu procurei e encontrei lá uma bola de ouro e ofereci-a a Deus; e fiz isso três vezes, pois três vezes Deus mo ordenou; depois ajoelhei três vezes e bendisse e agradeci a Deus que me dera alguma coisa para eu Lhe oferecer. E logo me foi dado compreender que essas três oferendas significavam a santa obediência, a extrema pobreza e a belíssima castidade que Deus, por Sua graça, me concedeu observar tão perfeitamente. E como Deus depositara no meu íntimo aquelas três bolas de ouro, assim também deu à minha alma essa virtude de sempre O louvar e enaltecer, com o coração e a boca, por todos os bens e por todas as graças que Ele me concedeu, por Sua santíssima bondade." Estigmatização de Francisco Durante uma dessas meditações, em 14 de setembro de 1224, no dia da festa da Exaltação da Cruz, Francisco viu a figura de um homem com seis asas, semelhante a um serafim, e pregado a uma cruz, e à medida que continuava na contemplação, que lhe dava imensa felicidade mas era sombreada de tristeza, sentiu se abrirem em seu corpo as feridas que o tornaram uma imitação do próprio Cristo crucificado. Foi, dessa forma, o primeiro cristão a ser estigmatizado, mas enquanto isso lhe trazia alegria, sendo um sinal do favor divino, foi-lhe motivo de muito embaraço e sofrimento físico. Sempre tentou ocultar os estigmas com faixas e seu hábito, e poucos irmãos os viram enquanto ele viveu. Mas eles lhe causavam muita dor e com isso dificultavam seus movimentos, além de sangrarem com frequência. Muitas vezes teve de ser carregado por não poder andar, ou teve de viajar sobre uma mula, o que não era permitido aos irmãos por ser um luxo. Também padeceu de outras enfermidades, ficou quase cego, e as suas dores de cabeça eram terríveis, mas apesar de receber ordem de procurar tratamento, os médicos nada puderam fazer para aliviá-lo. Passou algum tempo sob os cuidados de Clara, e ali deve ter composto, em 1225, seu Cântico ao irmão Sol, mas sua condição se deteriorava diariamente, e ditou seu Testamento. Melhorou então, e viajou para um eremitério perto de Cortona, mas ali piorou novamente, e foi levado para Assis, hospedando-se na casa do bispo em meados de 1226. Pouco depois, pediu para ser levado à Porciúncula, para que pudesse morrer entre os irmãos. Sentindo a morte próxima, solicitou a uma amiga romana, a nobre Jacopa de' Settesoli, que trouxesse o necessário para seu sepultamento, e também alguma comida bem preparada, que ele havia provado em sua residência em Roma e que deveria aliviar seu sofrimento. Foi despedir-se de Clara e das irmãs em São Damião e voltou à Porciúncula, deu instruções para ser sepultado nu, e no por do sol de 3 de outubro de 1226, depois de ler algumas passagens do Evangelho, faleceu rodeado de seus companheiros, nobres amigos e outras personalidades. As fontes antigas dizem que nesse momento um bando de aves veio pousar no telhado e cantou. Logo em seguida o Irmão Elias notificou a todos de seu desaparecimento e divulgou sua estigmatização, até ali mantida em sigilo, seu corpo foi examinado por muitas testemunhas a fim de comprová-lo, e o povo de Assis e dos arredores acorreu para prestar-lhe sua última homenagem. Foi enterrado no dia seguinte na igreja de São Jorge. Menos de dois anos depois, o papa Gregório IX foi pessoalmente para Assis para canonizá-lo, o que aconteceu em 6 de julho de 1228 com grande pompa. Em 1230 foi inaugurada uma nova basílica em Assis, que recebeu seu nome e hoje guarda as suas relíquias e abriga o seu túmulo definitivo. tumba de são francisco em assis A basílica foi decorada no fim do século XIII por Giotto di Bondone com uma grande série de afrescos que retratam a vida do santo.
A VIDA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS( PARTE II)
Em 1939, o papa Pio XII tributou um reconhecimento oficial ao "mais italiano dos santos e mais santo dos italianos", proclamando-o padroeiro da Itália. PORMENORES Juventude e conversão São Francisco era filho do comerciante italiano Pietro di Bernadone dei Moriconi e sua esposa Pica Bourlemont, cuja família tinha raízes francesas. Os pais de Francisco faziam parte da burguesia da cidade de Assis, e graças a negócios bem sucedidos na Provença, França, conquistaram riqueza e bem estar. Na ausência do pai, em viagem à França, sua mãe o batizou com o nome de Giovanni (João, em português, a partir do profeta São João Batista) na igreja construída em homenagem ao padroeiro da cidade, o mártir Rufino. A origem de seu nome Francesco (Francisco) é incerta. Para uns, depois de uma viagem à França, onde o menino teria ficado cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês" em italiano. Para outros seu pai teria feito, em vez, uma homenagem ao país natal de sua esposa, embora não haja provas de sua naturalidade francesa. Também foi sugerido que o nome foi dado por seu gosto pela língua francesa, que perdurou por toda a vida de Francisco e era em sua época a linguagem por excelência da literatura cavaleiresca e da expressão amorosa.
O menino cresceu e se tornou um jovem popular entre seus amigos, por sua indisciplina e extravagâncias, por sua paixão pelas aventuras, pelas roupas da moda e pela bebida, e por sua liberalidade com o dinheiro, mas mostrava uma índole bondosa. Era nessa época fascinado pelas histórias de cavalaria, e desejava ganhar fama como um herói. Assim, em 1202 alistou-se como soldado na guerra que Assis desenvolvia contra Peruggia, mas foi capturado e permaneceu preso, à espera de um resgate, por cerca de um ano. Ao ser libertado caiu doente, com episódios de febre que duraram quase todo o ano de 1204. Ali se apresentaram as duas afecções que o acompanharam por toda a sua vida: problemas de visão e no aparelho digestivo. Depois de recuperado tentou novamente a carreira das armas, engajou-se em 1205 no exército papal que lutava contra Frederico II, incentivado por um sonho que tivera. Nele apareceu-lhe alguém chamando-o pelo nome e levando-o a um rico palácio, onde vivia uma linda donzela, e que estava cheio de armas resplandecentes e outros apetrechos de guerra. Indagando de quem eram essas armas esplêndidas e o palácio magnífico, foi-lhe respondido que tudo aquilo era seu e de seus soldados. Animado com a perspectiva de glória, pôs-se a caminho, mas no trajeto teve outro sonho, ou uma visão, onde ouviu, segundo a versão da Legenda trium sociorum, uma voz a dizer: Quem te pode ser de mais proveito? O senhor ou o servo? Como Francisco respondesse: 0 senhor, ouviu novamente a voz: Então por que deixas o senhor pelo servo e o príncipe pelo vassalo? Confundido, Francisco disse: Que queres que eu faça? e a voz replicou: Volta para tua terra, e te será dito o que haverás de fazer. Pois deves entender de outro modo a visão que tiveste. Poucos dias depois, já em Assis, durante uma algazarra com seus amigos, teria sido tocado pela presença divina, e desde então, segundo a Legenda, começou a perder o interesse por seus antigos hábitos de vida e mostrar preocupação pelos necessitados. Eleito "rei da juventude" em um festejo folclórico tradicional, em vez de preparar-se para a entrada em uma vida de casado, como seria o costume, retirou-se, conforme relatou seu primeiro biógrafo Tomás de Celano, para uma caverna a fim de meditar, acompanhado de apenas um amigo fiel, para quem revelou suas preocupações e seu desejo de obter o tesouro da sabedoria e de desposar a vida religiosa. Mas ainda era um período de hesitação. Quando tinha arroubos de devoção e os expressava publicamente, era ridicularizado; tinha pesadelos com uma horrível mulher corcunda, e imaginava que esta era a imagem de sua futura vida de pobreza. Certo dia saiu em um passeio pelos campos nos arredores, e ao penetrar em uma clareira ouviu o som do sino que os leprosos, proscritos pela sociedade, deviam usar para indicar a sua aproximação, e logo se viu frente a frente com o homem doente. Fazia frio e o leproso tinha apenas trapos sobre o corpo. Francisco sempre sentira repulsa dos leprosos, mas nesse momento desceu de seu cavalo e cobriu o homem com seu próprio manto. Espantado consigo mesmo, olhou nos olhos do outro, e viu sua gratidão, e enquanto ele mesmo chorava, beijou aquele rosto deformado pela moléstia. Este parece ter sido o ponto de virada em sua vida, mas sua vocação não se declarou toda subitamente, e a cronologia desses e outros episódios preparatórios para sua conversão não é clara nas fontes antigas. Também parece ter tentado seguir o ofício de seu pai, mas sem conseguir devotar-se a ele. Ao contrário, estava cada vez mais interessado em ajudar os pobres. Jesus na Cruz de São Damião fala com Francisco Mas certa feita entrou para orar na igreja de São Damião, fora das portas da cidade, e ali, diz a tradição, ele ouviu pela primeira vez a voz de Cristo, que lhe falou de um crucifixo. A voz chamou a sua atenção para o estado de ruína de sua Igreja, e instou para que Francisco a reconstruísse. Imediatamente voltou para sua casa, recolheu diversos tecidos caros da loja de seu pai e os vendeu a baixo preço no mercado da cidade, e voltou para a igreja onde tivera sua revelação doando o dinheiro para o padre, a fim de que ele restaurasse o prédio decadente. Ao saber disso o pai se enfureceu e mandou que o buscassem. Atemorizado, Francisco se escondeu em um celeiro, onde seu amigo lhe levava um pouco de comida. Passado algum tempo, decidiu revelar-se, e diante do povo de Assis se acusou de preguiçoso e desocupado. A multidão o tomou por louco e divertiu-se apedrejando-o. O pai ouviu o tumulto e o recolheu para sua casa, mas o acorrentou no porão. Alguns dias depois sua mãe, por compaixão, livrou-o das correntes, e Francisco foi buscar refúgio junto ao bispo. O pai seguiu-o e o acusou de dissipador de sua fortuna, reclamando uma compensação pelo que ele havia tirado sem licença de sua loja. Então, para a surpresa de todos, Francisco despiu todas as suas belas roupas e as colocou aos pés do pai, renunciou à sua herança, pediu a bênção do bispo e partiu, completamente nu, para iniciar uma vida de pobreza junto do povo, da qual jamais retornou. O bispo viu nesse gesto um sinal divino e se tornou seu protetor pelo resto da vida. A fundação da Ordem e primeiras obras Francisco, tomando ao pé da letra o que o crucifixo de São Damião ordenara, iniciou sua nova vida como pedreiro, ajudando a reconstruir diversas igrejas nos arredores de Assis - esta de São Damião, a de São Pedro e a da Porciúncula, que segundo São Boaventura era a que ele mais amava. Igreja de Santa Maria dos Anjos, A Porciúncula. Nela descobriu, em 1208 ou 1209, na leitura de uma passagem do Evangelho de Mateus, as linhas gerais que orientaram sua vocação: "Ide, disse o Salvador, e proclamai em todas as partes que o Reino do Céu está aberto. Vós recebestes gratuitamente; dai sem receber pagamento. Não leveis nem ouro, nem prata nem cobre em vossos cintos, nem um alforje, nem uma segunda túnica, nem sandálias, nem o cajado de viajante, pois o trabalhador merece ser sustentado. Em qualquer vila em que entrardes procurai alguma pessoa digna, e hospedai-vos com ela até partirdes. E quando entrardes em uma casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz." Dessa forma, de devoto passou a ser missionário, e começou a pregação da palavra divina, fazendo seus primeiros conversos, entre eles Bernardo de Quintavalle, um rico burguês de Assis, que vendeu tudo o que tinha para dar aos pobres, Pietro Cattani, que foi mais tarde seu sucessor na Ordem, e o Irmão Giles. Nesse período inicial, segundo Celano, teve uma revelação do futuro brilhante de sua Ordem, e ao mesmo tempo das provações que estavam pela frente. Diz o cronista: "No começo desta nossa vida vamos encontrar alguns frutos doces e deliciosos. Depois serão oferecidos outros de menor sabor e doçura. No fim, serão dados alguns cheios de amargor, de que não poderemos viver, porque sua acidez será intragável para todos, apesar da aparência de frutos belos e cheirosos. Entretanto, como vos disse, o Senhor fará de nós um grande povo" São Francisco e os companheiros diante do Papa em Roma Tendo reunido mais um grupo de seguidores, dirigiu-se para Roma a fim de obter do papa a autorização da primeira Regra para a fundação de sua Ordem, a chamada Regra primitiva, que prescrevia uma pobreza absoluta para os monges e para a Ordem, em imitação literal da vida de Jesus Cristo e seus apóstolos conforme narrada nos Evangelhos, que não possuíam nada pessoalmente nem em comum. Segundo o cronista inglês Matthew Paris, lá chegando, sujos e vestidos pobremente, foram ridicularizados pela corte de Inocêncio III, que mandou não aborrecê-lo com sua Regra, considerada excessivamente rigorosa e impraticável, e que fosse pregar entre os porcos. Tendo-o feito num chiqueiro próximo, coberto de lama voltou para o papa, que refletindo um momento, decidiu recebê-los em uma audiência formal depois que se lavassem. Francisco e seus amigos se prepararam então para esse outro encontro conseguindo o apoio de prelados eminentes para a sua causa. Segundo os relatos antigos, nesse ínterim Inocêncio teve um sonho, onde viu a Basílica de São João de Latrão prestes a desabar, apenas sustentada por um pobre religioso, que ele interpretou como sendo Francisco. Com a recomendação favorável de alguns conselheiros e com o aviso recebido em sonho, Inocêncio finalmente autorizou a Regra, mas não por escrito, nem outorgou o estatuto de Ordem maior ao grupo, apenas permitiu que pregassem e dessem socorro moral às pessoas, mas acrescentando que se eles conseguissem frutos de seu trabalho, voltassem a ele para que sua situação fosse completamente regularizada. Crises dos amigos de Francisco e sua pregação Alguns relatos antigos, como o deixado por Roger de Wendover, sugerem que Francisco e seus companheiros não ficaram completamente satisfeitos com o resultado de seu encontro com o papa, e em seu caminho de volta, ao pararem em Spoleto, parece ter havido uma crise entre o grupo. Alguns teriam se inclinado a abandonar a pregação para viverem como monges eremitas, desiludidos com a ostentação de luxo da corte papal. Também nessa ocasião parece ter ocorrido o célebre Sermão aos pássaros, mas os cronistas divergem na sua descrição. Para Wendover ele foi a manifestação da revolta de Francisco, que teria mandado as aves devorarem os poderosos, mas os que seguem a versão de Celano o referem como um idílio cheio de poesia e doçura. Chegando em Assis, instalaram-se em uma cabana no campo, onde se dedicaram ao cuidado dos leprosos, ao trabalho manual e à pregação, vivendo de esmolas. Logo a cabana se tornou pequena para o crescente número de irmãos, mas o abade do mosteiro beneditino do Monte Subásio lhes concedeu em fins de 1210 o uso da capela da Porciúncula e de uma terra adjacente. Entre os novos amigos de Francisco estavam o Irmão Leo, seu futuro confessor e amigo inseparável, o Irmão Ruffino, que segundo a lenda pregava até dormindo, o Irmão Juniper, o Irmão Masseo e o Irmão Illuminato. Nesse período sua pregação já alcançara toda a região entorno, mas não eram sempre bem recebidos. Santa Clara, seguidora de Francisco, fundadora das Clarissas Em 1212 a Ordem foi enriquecida com a primeira mulher, Clara d'Offreducci, a futura Santa Clara, fundadora do ramo feminino dos Frades Menores, as Clarissas, que logo trouxe suas irmãs, a quem foi dado o uso da capela de São Damião. Pregação e milagres No mesmo ano fizeram sua primeira tentativa, frustrada, de evangelizar os sarracenos na Síria, mas não conseguiram chegar ao seu destino e acabaram voltando a Assis com grande dificuldade. Durante a viagem de navio, conta a tradição que o santo fez o milagre de pacificar uma tempestade e de multiplicar a comida dos marinheiros, que terminava. Nessa época seus milagres foram numerosos. Em Ascoli curou enfermos e fez muitas conversões, em Arezzo os arreios de um cavalo que ele havia tocado curaram uma mãe em perigoso trabalho de parto, em Narni curou um paralítico, em San Gimignano expulsou demônios, e em Gubbio pacificou um lobo que assolava a região, entre muitos outros prodígios. Sua fama como santo já se espalhava, e recebeu em doação o monte Alverne para que erguesse ali um refúgio para os irmãos. Em 1214 se dirigiu para o Marrocos para pregar entre os mouros, mas só pôde chegar à Espanha, onde caiu doente, mas outros irmãos prosseguiram. Em 1219, durante a Primeira Cruzada, foi ao Egito, encontrou-se com os cruzados que assediavam Damietta, profetizando sua derrota, em seguida manteve uma entrevista com o sultão Al-Kamil que, impressionado, ao fim da visita pediu que Francisco orasse para que Deus lhe mostrasse a forma de cultuá-lo que fosse de seu agrado e permitiu que pregasse entre seus súditos. Dali passou para a Palestina, peregrinando pelos lugares santos, onde recebeu a notícia de que os irmãos no Marrocos haviam sido martirizados, e que a comunidade em Assis, na sua longa ausência, estava em crise. Crise e Reforma da Ordem Voltou à Itália e passou por Roma a fim de obter ajuda do papa. Quando chegou em Assis viu que seus ideais haviam sido abandonados e reinava grande confusão entre os irmãos. Alguns se haviam tornado vagabundos e se associavam com mulheres, outros queriam erguer igrejas suntuosas, abandonar o rigorismo da Regra inicial, dedicar-se aos estudos eruditos, e pediam favores e privilégios para o papa. Ao mesmo tempo, a liberdade de pensamento outorgada pela Regra primitiva, que permitia o questionamento de preceitos e ordens percebidos como contrários à consciência, havia degenerado em disputas constantes de opinião entre os irmãos e em desobediência. Pelo menos em um caso a reação de Francisco foi violenta. Em Bolonha, onde o Irmão João fundara um colégio, expulsou todos de lá, inclusive os doentes. Depois teve de aceitar, com a intervenção papal, várias mudanças importantes. Foi estabelecido o período probatório de um ano para novos candidatos, um representante do papa foi indicado governador e corregedor da Ordem, e Francisco passou a administração da comunidade para o Irmão Pietro Cattani, logo substituído pelo Irmão Elias, enquanto que Francisco permanecia apenas como guia espiritual. Elaboração de nova Regra para a Ordem Foi criada a Ordem Terceira para os irmãos leigos, foi autorizado o estudo avançado de teologia, e Francisco elaborou uma Segunda regra, em 1221, tentando torná-la o mais clara e inequívoca possível. Ainda assim a Segunda regra, também chamada Regra não bulada, se revelou ineficaz para a solução da crise, era em essência a mesma, e foi solicitada nova revisão para Francisco, auxiliado pelos irmãos Leo e Bonizzo. Segundo o relato do Speculum perfectionis, prevendo que Francisco não cederia em muito, o Irmão Elias, acompanhado de outros, foi ao encontro de Francisco e solicitou um abrandamento no texto, e nesse momento todos teriam ouvido a voz de Cristo dizendo que desejava preservar a pureza do conteúdo dos Evangelhos e que quem não se conformasse deixasse a Ordem. Ficando pronto em 1223, aparentemente com poucas modificações novas, o novo texto foi enviado para Roma para aprovação papal, mas recebeu ainda muitos outros ajustes e cortes do cardeal Ugolino e finalmente foi confirmado pelo papa Honório III, na bula Solet annuere, de 29 de novembro de 1223, e por isso é chamada de a Regra bulada. O texto da Regra primitiva resultou ainda mais profundamente alterado; a maioria das citações do Evangelho e as passagens poéticas foram removidas e substituídas por fórmulas legais. O artigo que autorizava a desobediência de superiores indignos foi excluído, assim como os que prescreviam o cuidado dos leprosos, junto com todas as obrigações de pobreza absoluta. Já não se insistia no trabalho manual e se permitiu que os irmãos usassem quaisquer livros, que naquela época eram raros artigos de luxo. Impostas pela hierarquia eclesiástica romana e pela pressão de parte de seus próprios companheiros, essas mudanças pouco refletiam o espírito original franciscano, mas foram inevitáveis diante da tensão entre um grupo que crescia, se diversificava e estava prestes a perder sua unidade, e a necessidade de mantê-lo funcional e organizado. Mas expressavam ainda o conflito aberto entre a hierarquia espiritual e a institucional. Francisco via a si mesmo como o mensageiro de um mandado divino, crendo que sua Regra não podia ser alterada sem traição a Cristo que o inspirava e que era a autoridade suprema a ser considerada, a quem o próprio papa devia subordinação, mas parece não ter compreendido que Cristo não falava ao papa nem aos monges, somente ele ouvia sua voz, e assim inevitavelmente sua credibilidade e a propriedade de sua intransigência eram postas em dúvida. Segundo os relatos a Regra bulada só foi aceita por Francisco por força da obediência que devia ao papa como líder da Igreja, da qual jamais quis afastar-se, mas submeteu-se, com grande pesar, e os seus primeiros biógrafos referem este período como o da sua "grande tentação", a de abandonar todo o trabalho. Por fim aceitou o fato consumado, e entregando os frutos para Deus, pacificou-se.
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